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sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Epifania da Política


Oremos, Irmãos!, diz o samarita,
Pois a Palavra é leve, e a hora é santa!
Que a bondade de nosso Pai garanta
O sacro festim com sacra birita!

Aleluia ao nosso Semeador!
Fazei verde esta vasta campina,
Onde o pastor cultiva a fé divina
E o bendito e doce nosso licor!

Provede as nossas laranjas nesta horta,
E os mamões, e as maçãs, fora as demais,
Para encher o bojo que vós lavrais,
Para encher a pança que a alma entorta!

Então todos esticam a postura,
A prece quente espirra e a fé estala
A graça divina o Senhor embala...
A fome a comer toda a ossatura!

Não há de se partilhar um mero osso,
Pois o banquete é vasto e a vida é justa,
Inebriarmos com ouro não custa
Não custa um maço de folia mais grosso!















segunda-feira, 29 de junho de 2015

Terceiro soneto

Tuas graças roubaram do ocaso as cores!
Tua postura esbelta, teus olhos luzentes
Macularam o sangue das veias decentes
Das minhas mãos armadas de já murchas flores!

Tu és peste nascida nos castos verdores!
Como dos lírios, dos moços és orquidácea.
Pois te travestes da mais formosa falácia;
Pois me foste do peito a pior das dores!

Inebria-te, agora, com veneno amargo!
Semelhante sorte me fizeste entornar...
Afoga-te em rio de escárnio: no rio mais largo,

Pois secaram-me as águas, e esvaiu-se o ar!
Insistes, anjo belo, em ser tóxico embargo
Contra meu humilde anseio em poder te amar!


quarta-feira, 3 de junho de 2015

Apelo ao Sr. Eugène

Descansa o corpo na poltrona,
Degustando sua introversão dominical.
Traga, paciente, seu Montecristo,
Enquanto lê o original Diplomatique,
Através de sua estrategicamente posicionada bifocal,
Sob harmônico Ré menor de Sarabande.
Beberica seu Cheval Blanc,
Em calculado equilíbrio com o tabaco e o Roquefort.
Crianças e esposa deleitam-se,
Nos respectivos aposentos,
Com o indispensável ócio pós-prandial...
Mon Dieu!,
Fosse Delacroix vivo até hoje...

Vizinho de cá

O vizinho de lá é um bacana
- Melhor não há!
Mesmo alegre, mesmo sério
- Não importa!

O vizinho de lá exala
Seu anseio por prosperidade...
O vizinho de lá é próspero
Nos bons gozos da vida.

O vizinho de lá festeja.
Folião que não há igual!
Lá, ainda, tem sempre muita gente...

Dizem que o vizinho de lá é a própria Pasárgada!
Dizem ter mulheres bonitas.
Dizem ter magnos adornos.
Adornos, pra se ter ideia,
Iguais não possuía o Rei Sol!

O vizinho de lá é belo,
Daquelas belezas afrodisíacas...
Tem indescritível porte físico,
Daqueles de invejar Marte!

O vizinho de lá é bondoso, também.
De rosto leve e maçãs rosadas,
De mãos acolhedoras e braços abertíssimos!
De alma, até!, gentil.

No vizinho de lá tem retro-projetor.
Dizem que o sistema de som é coisa de cinema!
Os filmes lá são melhores...

Sem falar que seu carro é sempre o do ano,
Pra combinar com o cargo de presidência,
Por ter sido o funcionário do ano
- Incontáveis meses de perfeita dedicação.

Uma pena ter o vizinho de lá...
Ter como vizinho a própria plenitude...
Mas pena mesmo, de apertar o peito!,
É ter como vizinho
O vizinho de cá. Bem de cá de dentro!






Segundo soneto

Ruivos cachos de Vênus, rósea tez,
Venoso licor escarlate e casto,
Carnosos lábios e colo vasto,
Único fruto Perséfone a fez!

És verdura do Éden, és carnal!
Tens nos fartos seios fugaz ardor!
És das perenes relvas régia flor
Semeada em estéril polo austral!

Sê a estrela, sê meu corpo celeste,
Argênteo espectro no azul-noturno,
Sê mulher de verdadeira estrutura!

Sê divina, sê humana, mas veste
A causa minha - que espero, soturno,
Perderes as sobras de compostura!











Anomia

Malditos sejam os intestinos desajustados...
... A pregar peças com seus ácidos,
Além de extremamente fétidos, detritos viscerais!

Ah!, como aborrece a mim - e a tantos outros ventres -
Esse inoportuno companheiro e
Seu liquefeito contraparente...

Não, não os culpo, porém.
Há igual renitente farpa que lhes chateia.
Por infelicidade do destino, a genética
Presenteou-nos com uma moça irreverente!
Uma tal de Sra. Lactase,
Que em seu enzimático ofício pouco atua!

Encara com ar onipotente o sistema digestivo,
E simplesmente falta. Falta comigo e com todos os outros...
Decidiu (e pronto!) ser rebelde conosco e com nossa funcionalidade.
Resta-nos - anômalos organismos - pois, apalermados
Intestinos e uma irritante disfunção!...

Continua assim, que uma hora
essa diarreica anomia de ocasiões
vira-nos um grosseiro tumor intestinal!

Primeiro soneto

Formosos são os cânticos infantes
Da matinal alvura pueril.
Tange o horizonte nascente fio
E expande-se em anúncios galantes:

Terra e Céu se cortejam, e amigados
Estão com Sol, na carruagem celeste.
Cavalgando, juntos, de leste a oeste
Estruturam intrínsecos dourados!

Compõe-se, gradualmente, a presença
De Apolo, de seus hinos e tenores...
Acompanha, então, a Mãe Natureza!

Proferem conjuntamente a sentença
,Às beldades e aos perenes amores,
Que o vigor há de surgir, com certeza!